terça-feira, 28 de julho de 2009

Um pouco sobre a história da falésia do telégrafo

Croquí da Falésia do Telégrafo por Daniel Olho


Conversando com o Ricardo Linhares "Carica", me contou que visitou a falésia sem querer, ele e Mariana Pardal estavam buscando uma rota na pata do elefante e simplesmente olhou para o local, como estava perto resolveu sair do perrengue de escalaminhar nas paredes e ir averiguar o local...
A tempos escalando em Itacoatiara sempre dava aquela impressão de possibilidades e naquele local não foi diferente, não acreditava que não existisse um point ali com possibilidades, era óbvio demais. Conversas sobre o assunto foi aberta mas ninguém no momento se interessava em se enveredar. Até que um dia, pela curiosidade, foi aberto algumas possibilidades, pelo menos para eles existiam. Passou um bom tempo de silêncio até que não tinha mais como guardar...no point uma conquista foi aberta e outra iniciada, e a satisfação de abrir uma via irada, num local irado, não conseguiu manter por muito tempo, as pessoas tinham que prova-las.

Até que encontrei com o Carica e ele me falou do point e das possibilidades, dissera que "é um local de base boa com a parede negativa porem não muito alta, rocha podre, mas muito bonita".Conversamos sobre novas conquistas e as possibilidades eram grandes.
Não demorou muito para o Fabio Soares "Gollum" se interessar pelo point, como as conquistas na falésia do Peixoto estavam terminando e queríamos conhecer esse novo point, não tinha como negar uma falésia dentro de Itacoatiara, ora bolas, o grande motivo de termos ido muito para os ácidos na Urca era porque não haviamos muitas vias esportiva fixa para treinar, tínhamos a pracinha que já havíamos varrido praticamente, no bananal era a triste consolo 8b, a triste clitóris 9a, e To bote or not subi 10a/b, vias essa além do nosso nível de treinamento, em fim, não tínhamos muita opção a não ser ir para o Rio escalar as inúmeras falésias de lá. Assim, logo após de adiquirimos um bom currículo no Rio, nos deu possibilidade de conquistar as várias vias tanto no Peixoto, quanto no Telégrafo. E assim aconteceu...quando eu e o Fábio vimos as possibilidades, destacamos um fato importante que nos fez pensar muito: a questão da ética (lógico) e o estado do tipo de disponibilidade da rocha que é de gnaisse podre. Fazendo-nos a pensar e repensar na seguinte idéia e concluímos o seguinte: Se vamos conquistar num local de rochas podres...para não deixar proteções apodrecendo sem uso porque a via está com todas as agarras quebradas e não dá mais para escalar...usaremos como um padrão particular, que seja utilizado resina ou sika para firmar pelo menos algumas agarras "betas" ou básicas para existir uma via. Vimos que a conquista feita sem utilização da resina, estava (está) quebrando agarras e a via está ficando cada vez menos freqüentada.


Nosso objetivo e deixar para posteridade vias de escalada de diferentes graus, possibilidades de evolução, mesmo sabendo que estaríamos dando um exemplo que poderia repercutir na consciência de outros escaladores, e também, só iríamos conquistar se as vias fossem firmadas, não era a nossa intenção pproteger em uma pedra, uma via e deixar as proteções apodrecendo, sem utilização.
Dai saíram algumas conquistas, que pra mim, apresentam belas vias de pressão técnica distintas e ainda há mais possibilidades de novas vias, além de ampliar proteções em algumas outras já existentes.
Numa lembrança crescente, posso arriscar que a primeira via foi batida pelo Ricardo Linhares "Maria Fumaça 7c", depois iniciou outra rota , mas não terminou. Depois veio a "Órbita Lunar 8b", por mim e pelo Fabio Gollum, em seguida continuamos a "Tatuagem de Guerra 8a" com a segurança do Rafael Arend Chinaid e a "Gastação 7a/b" (via que ainda dá pra aumentar proteções), o Fabio bateu com a Juliana Stuts a "Código Morse" ainda projeto, um negativo só de agarrinhas, parecido com a Coquetel de Energia no CE2000. Fabio bateu também com o Fabricio Lofrano a "S.O.S" um suposto 9º mas ainda sem cadena, depois eu e o Fabio batemos a "Exposição de Arte 9a", já tem 3 cadenas e ainda dá para aumentar colocando mais proteções.

Fui com o Vicente Cretton, Fabricio Lofrano e Natália Falcão ajudar na conquista da via "Arrebenta Cavalo 8a", via essa bem boulderistica, aliás, quase todas as vias de Itacoatiara são boulderísticas, de estilo de pressão, existe exceções por exemplo a "Ultimo dos Moicanos 7º (VIIIb) no Costão (Tucun) que a sua primeira cordada de 30 metros é toda de resistência, mas não vem o caso, voltemos a falésia do telégrafo...
Passam mais dois anos "amansando o Leão" até que num suspiro de desistência, foi assim dizendo "autorizada" a conquista da via "Desocupa a moita 8a" por mim e pelo Luiz Andrade, dando uma estacionada nas conquistas da falésia do telégrafo. Neste ano de 2009 foi terminada a conquista da via " Complexo enzimático 8a?" ainda sem primeira ascensão, que fica bem acima da falésia do telégrafo, mais uns 15 minutos subindo beirando a falésia acima, é longe, mas posso dizer que é um dos visuais mais bonito da praia de Itacoatiara e a via não deixa a desejar, começa com um 5º, entra numa positividade de 4º e vai inclinando progressivamente até se torna um ligeiro negativo.
Muitas vias conquistadas, muitas outras estão em estudo para serem batidas, a viabilidade de escalada esportiva de Itacoatiara de Niterói cresceu e assim cresceu os esportistas, os montanhistas continuam fazendo suas paredes, o código de ética foi estabelecido, a setorização de Itacoatiara foi concluída. Vamos preservar o que é da humanidade.
Primeira foto: Fabricio Lofrano Na conquista do S.O.S, segunda foto: Daniel Olho na conquista da Desocupa Moita, terceira foto: Daniel Olho na conquista da Gastação, quarta foto: Daniel Olho na conquista da Tatuagem de Guerra, quinta foto: Daniel Olho na conquista da Órbita Lunar.

Estamos Juntos na luta por um esporte seguro e consciente,

que o respeito seja recíproco,

minha casa, sua casa, acredite!

Mas não leve e deixe nada, a não ser,

a lembrança e a vontade de voltar.


Boas reflexões

Daniel Olho

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Falésia do Peixoto continua lindo...


Falésia do Peixoto continua lindo...
Após as conquistas, que iniciou em 2005 e deu uma estacionada em 2007, esse point passou a ser bem frequentado, uma galera de escaladores de Niterói e Rio começaram a se enveredar nessa falésia que ficou conhecido como o Campo escola de esportivas de nível médio de Niterói com vias de 5+ a 10b, mas, as vias de mais frequencias são as de 7º e 8º grau, sendo esse, o melhor lugar de Nikiti a evoluir nesses graus e depois vem a Falésia do Telégrafo em Itacoatiara, vias de semelhantes graus só que de mais estímulo de pressão.
















A falésia do Peixoto fica no subbairro de Itaipú chamada de "Peixoto" na Serra da Tiririca perto do Córrego dos Colíbris, só que a entrada dela fica na rua em frente ao posto de saúde. Deve seguir até ao final dessa rua, entrar a esquerda, a entrada da trilha fica entre o poste que tem uma placa de 30km e um orelhão, entre eles o poste do meio dá pra ver a entrada, realmente a trilha ainda não é muito fácil de acertar pelo pequeno fluxo e a mata sempre fecha, mas como referência, tem que subir um vale a direita, descer no outro para a direita perto de um córrego com pedras e subir de novo outro vale a direita até beirar o paredão.

Sei que essa descrição ainda é muito vaga, recomendo ir com um escalador que conheça a trilha para poder instruir a subir e descer, são mais ou menos 40 minutos de trilha até a falésia, por isso deixo neste espaço um croqui para a galera saber das vias da falésia.
Lembrando que a maioria dos graus do croqui ainda estão sendo avaliados, podendo haver discordância do escalador, mas é certo que está próximo do estipulado.
Foto de cima para baixo: Fabio Soares "Gollum" na Favela dos marimbondos 8a, Fabricio Lofrano na Semente 7b/c, Daniel Olho na Semente 7b/c e na Faz-me rir 8c.

Filmagem de Marcelo Ambrósio, segurança de Alexandre Caldas, edição e escalador Daniel Olho.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Centro de Escalada Juvenil de Orientação e pesquisa (CEJOP)

Centro de Escalada Juvenis de Orientação e Pesquisa (CEJOP) e Conceitos particulares.
A menos de 2 meses fui contratado para ministrar aulas de escalada no Centro Educacional José do Patrocínio (CEJOP). Uma sala de aula com quadro e um murinho no final da sala.
Seguindo a aplicação básica de um curso de montanhismo desenvolvendo aulas teóricas e práticas, conseguimos dar um ar de aprendizado junto a diversão, com a palavra chave "segurança é tudo, para não precisarmos prestar socorro". Particularmente achava que ia ser uma dureza, modificar a cultura vivida pelos alunos no seu dia dia com a atenção máxima nas atividades. Como um projeto piloto venho desenvolvendo muitas atividades lúdicas a fim de engrenar os alunos a pratica de treinamentos. Em menos de um mês tive bons resultados com 2 dos alunos conseguindo fazer todo o negativo que deve estar proximo do 6+, inacreditavelmente muitos outros, com esse incentivo, estão próximos a fazer esse negativo e a evolução constantemente acontecendo.
A pratica constante com prazer, sem pressão nenhuma (a não ser nos braços heheh), vem gerando grandes resultados e assim vejo a evolução da escalada, a pratica constante com muita responsabilidade, mas na diversão e prazer tem levado os alunos a grandes resultados. Uma coisa interessante é que nunca diferenciei os homens das mulheres, todos nas competições lutam entre sí numa categoria "mista". Nas simulações dos campeonatos tivemos variações de campeãs e campeões, formalizando mais ainda que "na nossa escalada não existe homens ou mulheres e sim escaladores" sem distinção de que as mulheres são mas fracas que os homens (mesmo sabendo que fisiologicamente é viável a afirmação, com esse conceito, uns aprende com os outros e cada biotipo e determinação forma o escalador que é. A perceverança e o gosto pelo esporte é que leva eles a grandes feitos.
Todo meu pequeno trabalho gerou essa pesquisa que "se uma pessoa quer ser o melhor para sí, só depende dele para chegar a esse fim".
É esse caminho que vamos levar, sem distinção de sexo, raça ou cor. Se quisermos fazer grandes coisas, que tiremos a bunda do sofá e vai treinar, a final, tô cansado de ouvir desculpas esfarrapadas que um é mais forte que o outro, que o outro é homem, que uma é maior que o outro, e com essas aulas quebramos esse paradígma inexato que vem envolvendo muitos iniciantes de diversos lugares.
Aprendendo e praticando sempre com muito prazer e respeito, esse é o caminho.
Bons Ventos....